DENGUE!



Por Carmem Lima

A Dengue é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Ocorre principalmente em áreas tropicais e subtropicais do mundo, inclusive no Brasil. As epidemias geralmente ocorrem no verão, durante ou imediatamente após períodos chuvosos.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) algumas alterações climáticas, como por exemplo, o aumento da temperatura e da umidade, facilita o criadouro de mosquitos transmissores de doenças como a dengue e a malária. Para cientistas brasileiros, no entanto, o clima não pode ser responsabilizado por questões de saúde pública, além do que, alterações climáticas só deixam mais evidente a vulnerabilidade do nosso sistema social.

Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirma que as doenças emergentes estão associadas a múltiplos fatores, “mas nenhuma delas pode ser influenciada direta ou unicamente pela variação do clima”.

A análise ainda explica que cada impacto tem que ser compreendido em seu contexto local, sem que sejam feitas generalizações. Mesmo que haja uma relação entre o aumento da temperatura e a reprodução do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue é necessário ter chuva e temperaturas favoráveis para sua proliferação. Outro ponto que precisa ser considerado é tanto o déficit de imunidade das pessoas como as péssimas condições de assistência médica por parte dos hospitais. Segundo especialistas, a epidemia também ocorre pela falta de planejamento urbano e de políticas públicas.

Mais do que um simples problema físico

Para o professor da Universidade de São Paulo André Francisco Pilon as interferências do meio ambiente não afetam apenas o estado físico das pessoas, mas também a disposição mental e social, termo inclusive promulgado pela OMS na definição integral do termo saúde.

Segundo ele, a questão não é tão simples como parece. Em nome do crescimento, ou seja, dos interesses de mercado há uma deterioração dos bens comuns e necessários à condição humana: “Deteriora-se a qualidade de vida, espaços necessários à cidadania, segurança, trabalho, lazer, convivência e cultura são explorados, de forma às vezes sutil, às vezes brutal, pelos chamados interesses de mercado”.

Resgatar os valores reais dos indivíduos e respeitar a natureza pode ser a solução positiva para reflexões tão pessimistas, como afirma Pilon: “Duramente afetados pelas guerras, desastres e flagelos, os homens de hoje têm apenas duas opções: ou engrossam o cortejo dos mortos, como no conto de Pierre Gripari, ou resgatam a condição humana, que implica em uma posição crítica e atuante diante da imensa engrenagem política, econômica e cultural, que, de forma solerte e sorrateira, envolve o mundo”.

Ainda há tempo, é só uma questão de agir.
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